TER 22.09.2023
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Em 2011 os Dear Telephone surpreenderam-me com uma canção chamada “Close my Eyes”, uma das mais felizes versões de Arthur Russel que alguma vez chegaram aos meus ouvidos.
O espaço que o tema criava, pela sua parcimónia e sofisticação, transportava-me sempre para um lugar especial.
Os primeiros segundos de Cut, segundo longa duração dos Dear Telephone, anunciam um rumo diferente e transportam-nos para outro lugar. Continuando a explorar sabiamente as subtilezas do formato canção, a música do quarteto tornou-se mais expansiva e direta. E mais americana que britânica. Talvez por isso, estranhamente, mais exigente para dela retirar toda a riqueza subjacente. Mas rapidamente nos sentimos recompensados por nos deixarmos envolver.
Neste novo lugar dos Dear Telephone os uníssonos desapareceram e o André recuou para a Graciela, como na belíssima capa, avançar e assumir a voz do grupo. A música ganhou mais espaço para respirar e divagar, mas o toque para as canções eficazes permanece intacto (“Automatic” e “Turnover”) mantendo a capacidade para, dentro do mesmo tema, nos transportarem à estratosfera para depois, suavemente, nos fazerem aterrar, como em “Cut”, “Nighthawks” ou “Slit”. E temos também convidados, que nunca soam excessivos ou redundantes, trazendo argumentos novos à sonoridade da banda. Ouça-se a espantosa “View”, aprumada peça coral pop, ou os belíssimos arranjos de saxofone em “Fur”. A música dos Dear Telephone continua a ser um lugar especial. Aproveitemos para nos deixar levar." Luís Fernandes
11 novembro, sábado, 6€