Uma talea é um padrão rítmico usado (lançado?) em isorrítmos que se repete ao longo de uma peça musical em pelo menos uma das vozes.

Talea Jacta são Pedro Pestana (10 000 Russos, Tren Go! Sound System) e João Pais Filipe (Paisiel, HHY & The Macumbas, Sektor 304), que se juntaram em concerto no ano de
2016 a convite da Favela Discos, iniciando um trabalho em conjunto de exploração e reflexão sobre a música e também de experimentação de linguagens e respetivas técnicas que ainda
não tinham utilizado noutros projetos. Os primeiros resultados deste encontro deram origem a "I", lançado no início deste ano e disponível no Bandcamp da banda. Do convívio e do trabalho
desenvolvido, surgiram mais ideias e a vontade de alargar este universo musical colaborando com outros pensadores e argonautas contemporâneos.

No início de 2018, este projecto foi selecionado para apoio no âmbito do Criatório, programa de apoio à criação artística contemporânea na cidade do Porto. Além da vontade expressa, é também graças a este apoio que nasce Talea Jacta Est, um projecto multidisciplinar que envolve residências artísticas com Rafael Toral, Wendy Mulder, Julius Gabriel e André Couto cujo resultado será gravado ao vivo e posteriormente editado em vinil através do selo A Bone For Tuna Records.

Entre os vários parceiros estão a associação cultural Maus Hábitos – que acolhe todas as apresentações ao vivo do resultado de cada uma das residências – e a Matéria-Prima Edições que assegura a distribuição do vinil duplo. Será igualmente produzido um documentário – realizado por Vanessa Fernandes – acerca do processo criativo que aponta a uma reflexão acerca do encontro entre as diferentes linguagens musicais presentes no projeto. Dayana Lucas está a cargo do design. A Pé de Cabra gere a produção e a logística.

A primeira apresentação, com Julius Gabriel, ocorreu a 23 de Outubro e logo com casa cheia. A próxima é já dia 29 de Novembro com Wendy Mulder (Onrust).

Wendy Mulder, nascida na Bélgica em 1979, é também conhecida como Onrust e incorpora uma ligação à música de dança electrónica e ao campo do ambient e do drone industrial. Proporcionando texturas longínquas e escuras com uma linguagem orgânica. É uma electrónica exigente influenciada pelos ritmos industriais dos anos 80, techno underground dos anos 90 e por mantras e drones psicóticos dos anos 00. “Tecnho tântrico para os irrequietos”, como já foi dito acerca dela. Foi um dos motores do agora lendário club DIY Ciné Palace Kortrijk/Bélgica e é activista no campo da alimentação orgânica na Bélgica. Nasceu no underground mas foi apontada pelas lendas do postpunk Wire como a nova geração de música eletrónica.