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No violento e autoritário contexto da ditadura militar brasileira (1964-1985), denominava-se “aparelho” o local onde um determinado grupo de ativistas de ideais afins e contrários ao governo da época se agrupava para organizar reuniões, maquinar estratégias, guardar materiais de propaganda, esconder armas, munições, dinheiro, entre outras coisas. O aparelho era também o ambiente (quase) seguro dessas pessoas, onde elas podiam se refugiar em situações de risco, partilhar suas aflições, mas também os seus desejos e as suas conquistas.
Tal triste período da história do Brasil foi recentemente despertado por facínoras da estirpe mais indigna e eis que, em 2016, a Constituição Brasileira foi seriamente ferida e um desonesto golpe de estado abriu caminho para que, em 2018, um sociopata – que literalmente exaltou um torturador como herói – conseguisse chegar à presidência por meio de uma eleição comprovadamente pautada na fraude, na calúnia e difamação por meio das fake news e na mais completa má-fé.
A exposição “Aparelho” – a qual dá continuidade temática à “Adorno Político” (2018) – alia dezoito artistas com ideais políticos próximos na medida em que todXs se opõem ao atual regime truculento brasileiro estruturado na mais nítida necropolítica, que combina neoliberalismo e fascismo, desumanizando existências e exterminando vidas em prol do capital. Em suas abordagens, tais artistas (também ativistas), em criações festivas, emancipadoras, sarcásticas, lúdicas ou simplesmente documentais, denunciam genocídios, repressões, preconceitos e retrocessos num ambiente de militância e afeto, onde podemos intuir o preparo para a batalha, mas também o cuidado para irmos fortes e conscientes para a luta.
Artistas:
Alice Yura, Arissana Pataxó, DUDX , Ed Marte, Grasiele Sousa a.k.a Cabelódroma, Helô Sanvoy, Letícia Maia, Marcela Tiboni, Marie Carangi, Maurício Ianês, Orlando Vieira Francisco, Panmela Castro, Paul Setubal, Paulo Aureliano da Mata, Pêdra Costa, Priscilla Davanzo, Sama e Yhuri Cruz
ATIVIDADES PARALELAS
◾️ 14.11 | 21h30 | Sala de Exposições
Performances
“Solange, tô aberta!”, de Pêdra Costa
“Amarga”, de Letícia Maia
◾️ 11/12 | 17h | Sala de Espetáculos
Documentário “Quem Matou Eloá?”, de Lívia Perez
Filme “Espero tua (Re)volta”, de Eliza Capai
◾️ 12/12 | 19h | Sala de Exposições
Palestra/Conversa
“Dez anos após o fim”, com Sama
◾️ 14/12 | Caminhada/Conversa
14h | Caminhada pelo Porto
“Caminhar é um ato político”, com Coletivo MAAD – Mulheres, Artes, Arquitetura e Design
17h | Sala de Exposições
Conversa
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Sinopses
SOLANGE, TÔ ABERTA!
Performance de Pêdra Costa
Solange, tô aberta! ou STA! é um show de Baile Funk Queer Punk, que existe desde 2006. Misturando e incorporando contraculturas undergrounds, usa o Baile Funk (música eletrônica das favelas do Rio de Janeiro) como uma ferramenta artística de resistência e política, promovendo uma explosão dançante. O projeto fala sobre questões relacionadas a sexualidades, gêneros, identidades e estereótipos. Já se apresentou no Brasil, Bolívia, Dinamarca, Noruega, Itália, Polônia, Espanha, Alemanha, Áustria, Grécia e França.
AMARGA
Performance de Letícia Maia
A frase “Pátria Amada, Brasil” está no logo que estampa as medidas do governo atual, é a cara que querem dar ao Brasil, um patriotismo piegas e perigoso, carregado de conservadorismo moral. A imagem de um Brasil alegre, justo e doce, que vive de carnaval e futebol, esconde a violência descomunal, desigualdade social que, quando o nova marca do governo foi lançada, rapidamente surgiram analogias na internet, substituindo “Pátria Amada, Brasil” pela frase “Pátria Amarga, Brasil” ou “Pátria Armada, Brasil" trazendo a tona as contradições que vivemos no país.
DEZ ANOS APÓS O FIM
Palestra de Sama
Em literatura, cinema ou no universo das Histórias em Quadrinhos, eu sempre curti uma "distopia". Uma visão sombria de um futuro punitivo para a nossa cruel negligência humana... Mas confesso que nunca imaginei que iria vê-la acontecer de verdade, mesmo depois de tantas guerras e crises... Penso que devíamos ter aprendido mais com a nossa própria história. O curioso, é que, com exceção de algumas zonas em conflito, oficialmente o mundo está em paz. Mas mesmo assim podemos identificar no globo, várias características distópicas ocorrendo a nossa volta, tais como nas obras: "1984", "Admirável Mundo Novo", "Choque do Futuro", "Fahrenheit 451" entre outras… Identificamos na nossa realidade, sombrias previsões destes livros que estão a acontecer, inclusive até em alguns países que declaram-se como democracias laicas. Enquanto você lê estas linhas, nalguns sítios deste planeta está a ocorrer: a proibição de publicações e leitura de determinados livros, a censura de exposições de arte, crenças fundamentalistas a substituir conceitos científicos, gentrificação e monetização do indivíduo, destruição sistemática do meio ambiente, segregação econômica e racial entre povos, além de outras aberrações em nome da nova ordem que quer tomar o universo para si. É por isso que produzo arte, para lutar contra isso...
CAMINHAR É UM ATO POLÍTICO
Caminhada/Conversa. Coletivo MAAD – Mulheres, Artes, Arquitetura e Design
Partindo da análise de alguns elementos da toponímia portuense questionamos como a experiência do espaço público em determinados locais da cidade pode variar a partir das subjetividades que se movem e ocupam estes mesmos espaços considerando parâmetros como raça, gênero, classe, nacionalidade, orientação sexua. Neste contexto questiona-se quão representativo e inclusivo é o espaço-público? Como se dá a sua produção? E quem ela representa?
A proposta assim se desenvolve a partir de uma caminhada pela cidade do Porto onde os participantes poderão identificar estes marcos/locais, conhecendo as narrativas que os fundamentam, entendendo o seu contexto de origem para que se discuta o que representam hoje.
QUEM MATOU ELOÁ?
Direção de Lívia Perez
Gênero: Documentário
Duração: 24 min
Ano: 2015
Formato: HD
País: Brasil
Local de Produção: SP
Cor: Colorido
Sinopse: Em 2009, Lindemberg Alves de 22 anos invadiu o apartamento da ex-namorada Eloá Pimentel de 15 anos, armado, mantendo-a refém por cinco dias. O crime foi amplamente difundido pelos canais de TV. "Quem matou Eloá?" traz uma análise crítica sobre a espetacularização da violência e a abordagem da mídia televisiva nos casos de violência contra a mulher, revelando um dos motivos pelo qual o Brasil é o quinto num ranking de países que mais matam mulheres.
ESPERO TUA (RE)VOLTA
Direção de Eliza Capai
Introdução/apresentação da obra por Isabeli Santiago
2019, Longa-documentário, 93', Brasil
Produção e Produção Executiva: Mariana Genescá
Narrado e escrito com a colaboração de: Lucas “Koka” Penteado, Marcela Jesus e Nayara Souza
Assistente de Produção Executiva: Jacqueline Melo
Montagem: Eliza Capai e Yuri Amaral
Fotografia: Bruno Miranda e Eliza Capai
Documentaristas 2015: Caio Castor e Henrique Cartaxo/Jornalistas Livres
Trilha Sonora Original: Décio 7
Edição de Som e Mixagem: Confraria de Sons & Charutos
Finalização: Clandestino
Arte e Letreiros: Bijari
Criação e lambe Cartaz: Zé Vicente
Foto cartaz: Carol Quintanilha
Tradução e legendas em inglês: Paula Bara
Produção: TVa2
Coprodução: Globo Filmes / Globonews
Produtor Associado: Usina de Imagem
Fomento: BRDE / FSA / Ancine
Parceiro: Curta!
Distribuição: Taturana
Sinopse: Um retrato do movimento estudantil que ganhou força a partir do ano de 2015, ocupando escolas estaduais por todo Brasil. Acompanhando três jovens do movimento e com imagens de arquivo de manifestações desde 2013, o documentário tenta compreender as ocupações e as suas principais pautas a partir do ponto de vista dos estudantes envolvidos.
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