Aromas do tempo

Susana Chiocca

[𝗘𝗻𝘁𝗿𝗮𝗱𝗮 𝗟𝗶𝘃𝗿𝗲]

Pensei este trabalho em torno de questões de publicidade, de propaganda, de falso, de ficção, de invasão e de uma exaustão pessoal em torno da imagem. Pretendia algo mais matérico, meio Hirschhorn de fita-cola castanha e/ou cartão a sair dos mupis pelo tecto acima, ou colocar terra e sementes e um processo de rega para que crescessem plantas durante a exposição, ou que um pedaço de carne de tamanho considerável fosse apodrecendo noutro dos quadros; pensei numa espécie de espelho reflexo com peruca de palhaço e a cara seria a de cada um de nós; um osso pendurado como metáfora do poema de Alexandre O’Neill, ou uma coluna de som com um texto gravado… sobrou a pedra, o osso e um outro texto. A pedra que poderá servir como símbolo de uma                    , o osso / auto-retrato e o texto que descreve o lugar da coluna de som e um excerto do poema Idea da Beleza de Olga Novo que refere a efemeridade e a intensidade do sexo… 

….saímos não sabemos para onde com a certeza de que o belo não é fugaz, perdura num tempo próprio de contemplação e amadurecimento.

BIO 

Desde 1999 que tem participado em diversas exposições, eventos e workshops. e programado sobretudo na área da performance como o espaço a Sala (criado com António Lago, 2006-2010), a exposição O Dizer do Corpo (Espaço Ilimitado, 2010) os eventos Acesso de Vertigem #1 e #2 (Maus Hábitos 2018-2019).

A sua prática artística explora o desenho, a instalação, o vídeo, o som, a fotografia e a performance. 

Desde 2005 tem desenvolvido diversos projectos performativos  em torno do texto, cruzando a performance, o vídeo e a música, como o projecto BITCHO (2012…) ou Balla Prop junto com Ana Ulisses (2007-2011).

Trabalha de uma forma intuitiva o momento e a actualidade político-social, procurando imprimir e relacionar os vários acontecimentos, absorvendo a partir do outro, e devolvendo-lhe as suas reflexões, sonoridades e imagética.