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ACCA - André Covas e Carmo Azeredo | meta-darkness
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Artistas: ACCA - André Covas e Carmo Azeredo
Ciclo "Poético ou Político?" com curadoria de João Baeta
Abertura: 30.06 (QUI), 21h30
até: 27.07
[𝗘𝗻𝘁𝗿𝗮𝗱𝗮 𝗟𝗶𝘃𝗿𝗲]
Entre as promessas de futuros tecnologicamente otimizados e uma realidade permeada por monopólios tecnológicos, iliteracia digital, e uma crescente concentração de riqueza e poder, observa-se uma dicotomia entre avanços prodigiosos e retrocessos históricos. Em linha com as recentes teorias críticas sobre neo- e tecno-feudalismo de Yanis Varoufakis, Shoshana Zuboff ou Mariana Mazzucato (entre outros), que identificam nos formatos do capitalismo vigente e no horizonte para o qual este caminha, aspectos dos modelos económicos e sociais característicos da Idade Média, observam-se formas de retrocessos tais como modelos de feudalismo digital, cultos tecnológicos e hierarquias sociais cada vez mais rígidas.
Meta-darkness, procura questionar esta dicotomia, enfocando em três tendências alarmantes: a crença cega na gestão algorítmica e em modelos de inteligência artificial cada vez mais opacos; o crescente domínio de corporações tecnológicas que, à semelhança dos antigos senhores feudais, de forma autónoma, efetivamente controlam e direcionam partes essenciais da vida de grandes volumes de população; e a contínua proliferação de velhas e novas formas de violência que transitam do universo real para o virtual sem salvaguardas para as suas vítimas. Formas de violência agravadas pela gratuitidade e carácter de entretenimento que promove o distanciamento nas relações humanas no meio digital, levando a que atos vis, como violações e assédios graves, sejam ainda mais relativizados no Metaverso.
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Entre as promessas de futuros tecnologicamente otimizados e uma realidade condicionada pela concentração extrema de riqueza e por hierarquias sociais cada vez mais rígidas, o espectro de uma treva arcaica ameaça retornar. Sob o rumo acelerado que a indústria digital e o neoliberalismo vigente seguem, pairam as sombras de velhos modelos económicos e sociais característicos da Idade Média.
Sombras que tomam a forma de um tecno-feudalismo, caracterizado pelo domínio de corporações tecnológicas encabeçadas por multimilionários que, à semelhança dos antigos senhores feudais, efetivamente controlam e direcionam de forma autónoma, partes essenciais da vida de grandes volumes de população1; pela fé na gestão algorítmica e o culto de modelos de inteligência artificial cada vez mais opacos, a par de uma iliteracia digital generalizada2; e pela contínua proliferação de velhas e novas formas de violência e assédio que transitam do universo real para o virtual sem salvaguardas para as suas vítimas3.
1 Consent & Proceed: A falsa opção de escolha entre participar ou não da esfera digital, acoplada à ubiquidade dos contratos digitais, absurdamente extensos e complexos mas consentidos num simples click, transformou todo o território virtual num retalho de domínios fortificados onde só entra quem abdica gratuitamente dos seus dados pessoais e consente com a monitorização lucrativa da sua atividade online.
2 Blessed by the algorithm: uma expressão que demarca o quanto um número crescente de atividades profissionais e lúdicas estão hoje delegadas a modelos de gestão algorítmica, sob os quais o trabalhador/utilizador não detém nenhum controle ou compreensão sob os seus processos de escolha.
3 Check this out. It’s a free show: Frase proferida por um agressor durante um dos primeiros casos de violação no metaverso da Facebook. Assédio, violência de género e bullying são fatores que permeiam a internet desde que esta se formou. A abertura de “novos” territórios digitais sob o novo branding tecnológico do metaverso, que pouco ou nada fez por abordar esses problemas, veio gerar mais espaços onde estas formas de violência, acentuadas pela anonimidade e relativizadas pela sua virtualidade, podem proliferar de forma gratuita, abusiva e imune.
Sobre os artistas
ACCA é um duo artístico multidisciplinar português, atualmente sediado em Madrid, formado por André Covas (designer e músico) e Carmo Azeredo (artista, investigadora e produtora cultural). Através da complementaridade das suas bases profissionais, juntos exploram o cruzamento entre arte, música, design, tecnologia e pensamento crítico, produzindo ensaios visuais sobre algumas das preocupações e curiosidades que partilham sobre a atualidade. As reflexões artísticas que têm vindo a produzir desde o final de 2017 dialogam com temas como democracia digital, vieses cognitivos, a era da pós-verdade, o conflito entre o desejo de liberdade e a necessidade de controle, o Antropoceno, entre outros.
A sua prática artística desenvolve-se de várias formas, privilegiando o uso do som, do texto, da imagem, dos novos suportes, do design, da produção escultórica e do formato de instalação. Colaboram e fazem parte do coletivo CampaNice e da Associação Cultural Saco Azul, ambos no Porto, e em Madrid têm um pequeno estúdio/espaço independente de arte e design chamado ACCAstudio.
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